Dr. Airton Teles Júnior

NUTROLOGIA E GINECOLOGIA
CRM 106828 | RQE 78696

DIETAS E EIXO INTESTINO MICROBIOTA INTESTINAL CÉREBRO NA ETIOLOGIA DA OBESIDADE E O USO DOS PROBIÓTICOS

alimentacao-saudavel

Hipócrates, o primeiro médico, que viveu em 500 a.C anos, disse: “Faça do seu alimento o seu medicamento”, também disse que todas as doenças começam no intestino.

Os benefícios de uma microbiota normal, ou seja, equilibrada, são:

  • Síntese e excreção de vitaminas e minerais, adequada digestão e absorção de nutrientes.
  • Evita colonização por patógenos.
  • Estimula a produção de anticorpos naturais.
  • Competição com bactérias patogênicas, o que chamamos de antagonismo microbiano.

O intestino possui uma população de 100 trilhões de bactérias, temos 1,3 bactérias para cada célula, sendo que 95% das bactérias estão no intestino.

Existe um elo de comunicação entre o intestino e diversos outros órgãos. Este elo de comunicação entre o intestino e vários órgãos é fator preponderante entre saúde e doença.

Estes fatores podem estar relacionados com o sistema imunológico, sistema cardiovascular, com o metabolismo do paciente, com o estresse, ativando o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, produzindo mais ou menos cortisol e com a inflamação com o cérebro.

O Eixo Intestino Microbiota Intestinal Cérebro (EIMIC), também chamado de Psicobiota, regula a neuroinflamação, a resposta neuroendócrina ao estresse, ao neurodesenvolvimento, modulação do humor e comportamento alimentar (fome e saciedade), além da termogênese.

O EIMIC possui múltiplos fatores que vão impactar este eixo ao longo da vida, dentre eles a dieta, atividade física, tipo de parto (normal ou cesárea), medicamentos, o meio ambiente entre outros. Todos esses fatores vão impactar de tal forma que produzirão impacto no nosso comportamento alimentar, na nossa capacidade cognitiva, no estresse, etc.

Os metabólitos produzidos pelas bactérias intestinais podem nos favorecer a uma maior ingesta calórica, pode aumentar o risco cardiovascular, podem elevar o risco para o aparecimento do Diabetes Tipo II (DM II) e Hipertensão Arterial.

Outros metabólitos produzidos pelas bactérias intestinais também favorecem a liberação dos lipopolissacarídeos e outras estruturas lipídicas que vão ativar determinados receptores e consequentemente favorecer uma resposta inflamatória, gerando resistência insulínica, favorecendo à obesidade, Síndrome Metabólica, DM II, dislipidemias e doenças cardiovasculares.

EIMIC E OBESIDADE

As bactérias predominantes na microbiota intestinal são: Firmicutes (60-80%), Bacteriodetes (20-30%), Actinobactérias (menos de 10%) e Proteobactérias (menos de 1%).

As Firmicutes possuem uma maior capacidade de quebrar grandes moléculas de alimentos e aumentam nossa capacidade de absorver calorias e armazenar gorduras.

As Actinobactérias têm uma maior função de controlar o trânsito intestinal.

As Bacterioidetes possuem uma menor capacidade de quebrar grandes moléculas de alimentos, uma menor capacidade de absorver calorias e armazenar gorduras, possuindo assim um papel importante no controle do peso corporal.

Os pacientes obesos possuem uma maior população de Firmicutes e uma menor população de bacterioidetes, enquanto nos indivíduos magros ocorre o contrário.

Outras bactérias produzem substâncias (neurotransmissores) que agem no centro controlador da fome, saciedade e termogênese no hipotálamo:

  • Lactobacillus e Bifidobacterim estão relacionadas à síntese do GABA.
  • Escherichia coli, Bacillus e Saccharomyces: Noradrenalina e Adrenalina.
  • Candida, Streptococcus, Echerichia e Enterococus: Serotonina.
  • Lactobacillus: Acetilcolina.
  • Bacillus e Serratia: Dopamina.

A partir do momento em que temos alguns peptídeos intestinais (peptídeos da fome) produzidos por esse grupo de bactérias, podemos ter uma síntese maior de Grelina, que age no hipotálamo gerando fome (orexigênica) e diminuindo a termogênese. Também ocorre uma síntese menor PYY, PP, GLP1 e Oxintomodulina, que são peptídeos que agem como sacietógenos no hipotálamo. Tudo isso gera mais fome, maior ingesta calórica e um balanço calórico positivo, ativando a lipogênese (acúmulo de gordura corporal).

Essas bactérias que produzem esses metabólitos que geram fome e possuem uma maior capacidade de quebrar os alimentos e absorver calorias, se proliferam em nosso intestino quando temos uma dieta inadequada, principalmente rica em gorduras saturada que promove aumento dos lipopolissacarídeos e por uma baixa ingesta de fibras. Tudo isso vai sinalizar através do nervo vago e circulação sanguínea os mecanismos de controle de fome, saciedade e termogênese no hipotálamo e ativando o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal, produzindo mais Cortisol, gerando mais estresse.

QUAL A SOLUÇÃO PARA ESSE PROBLEMA?

Uma dieta rica em fibras, pobre em carboidratos de absorção rápida, pobre em gorduras saturadas e administração de Probióticos.